Não parecia um homem do campo. Forjado ao longo de décadas de labuta no trabalho rural. Mas era determinado, metódico e meticuloso, pois ao longo de todas as manhãs cuidava de uma pequena horta como se fosse a única coisa que realmente se importava e foi esse desprendimento que me levou a ir além da minha janela do quarto da pousada que estava há vários dias.
Queria conhecê-lo.
Na manhã seguinte o aguardei. Sabia que havia alguma metáfora escondida em seu trabalho.
– Bom dia?
– Bom dia jovem!
– Obrigado pelo Jovem.
– Não há de quê filho.
– Amigo, venho acompanhando o Sr ao longo da semana e sinceramente gostaria de lhe dar os parabéns pelo belo serviço que o vem fazendo aqui. Estou impressionado!
– Obrigado filho.
– Me diz uma coisa? Como é trabalhar numa pousada como essa?
– Não trabalho aqui. Eu sou hospede.
– Hospede?
– Sim, estou aposentado. Escolhi esse lugar para viver. Gosto daqui.
– Realmente é um lugar lindo.
– Sim, é tranquilo e sempre tem algo para fazer para essas doces plantinhas.
– Penso que o Sr tem a chave de uma vida feliz. Não queira saber como estão as coisas no país, no mundo. São muitas preocupações.
– Sei disso, fui administrador de empresas por 40 anos filho, mas não ache que as coisas mudaram em minha vida.
E com um sorriso ao ver um nova flor que desabrochava. Emendou…
– Aqui tenho muitas preocupações.
– Sério?
– Sim, está vendo aquele pé de tomate ali em frente.
– Sim
– Pois é. O terceiro galho mais embaixo tem um tomate que não amadureceu como os demais. Isso está me incomodando.
– Quem me dera ter essa preocupação!
Silêncio.
– Essa é a chave!
Luciano Mannarino
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