Um objeto geográfico que persiste na paisagem como algo arcaico, como uma herança do passado é denominado de “rugosidade”. Devemos a Milton Santos o desenvolvimento desse conceito extremamente interessante. Um trilho de bonde desativado, um armazém de um cais de porto obsoleto, uma casa antiga, são exemplos de rugosidades.
Milton Santos nos alertava sobre o caráter político e circunstancial do conceito. Um objeto geográfico se torna uma rugosidade devido, em alguns casos, a iniciativa de agentes hegemônicos que controlam a evolução do espaço urbano: Empresas, Governos, Especulação Imobiliária etc. É necessário analisar a dimensão sociogeográfica do objeto.

Segundo o que se pensava na época, nossa capital não evoluiria através de um verdadeiro labirinto de rugosidades criado no Brasil colônia, o que constituía, uma verdadeira “inercia espacial”. Portanto, diversas reformas urbanas foram introduzidas para adequar a cidade a demanda e a fluidez do capital e dentre as intervenções eu destaco a abertura da Av. Pres. Vargas construída por Henrique Dodsworth (nomeado prefeito pelo presidente Getúlio Vargas na década de 1940).
De uma vez só, são arrasados vários quarteirões e com eles uma parte da nossa história. Desaparecem 4 igrejas do Séc. XVIII, palácios, cortiços, etc., para darem lugar a imponente Av. Pres. Vargas.
A via serviu para ligar a zona norte ao centro do Rio de Janeiro ao mesmo tempo em que as cidades brasileiras se rendem ao império dos automóveis.


Prof. Luciano Mannarino.
Bibliografia
Sanders, Armelle – A história do Rio de Janeiro
Fundamentos Geográficos do Turismo – Volume 1
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