Podemos compreender o Desenvolvimento Desigual e Combinado como uma lei cuja preocupação central é explicar a formação obrigatória, no âmbito do sistema capitalista e sob a égide do Imperialismo, de áreas periféricas e atrasadas em contraponto a áreas desenvolvidas, Mas, a partir dos esforços intelectuais de alguns geógrafos, é empreendida uma tentativa teórico-metodológica de captar a espacialidade do desenvolvimento desigual, ou seja, fazer uma leitura geográfica do Desenvolvimento Desigual e Combinado (THEIS; BUTSKE, 2009).
Podemos afirmar que a leitura que a ciência geográfica realiza, a partir da teoria do Desenvolvimento Geográfico Desigual e combinado, é a interpretação espacial das diferenças econômicas do capitalismo nas mais diferentes escalas. O que autores como Neil Smith e David Harvey propõem é que não basta compreender historicamente as diferenças econômicas e sociais do mundo: há por detrás deste abismo entre desenvolvimento e subdesenvolvimento uma razão geográfica, isto é, é necessário para a reprodução do sistema capitalista que existam diferenças econômicas, políticas e sociais expressas no território, isto é, que sempre existam áreas menos desenvolvidas em detrimento de outras mais avançadas. Enfim, o que seria dos países centrais se não existissem países periféricos? O desenvolvimento desigual é a expressão geográfica das contradições do capital (SMITH, 1988, p. 217).
Assim, o Desenvolvimento Geográfico Desigual e Combinado é uma necessidade para o capital. E necessário que existam campo e cidade para que os setores da economia se mostrem produtivos — o campo produz a matéria-prima, enquanto a cidade a transforma em mercadorias e depois as comercializa. E necessário que em qualquer cidade haja centro para que exista periferia, pois existem especializações comuns destas áreas, com seus diferentes produtos e serviços, e os trabalhadores das periferias funcionam como exército industrial de reserva, por exemplo, porque, de acordo com as necessidades do centro, podem ou não estar empregados.
E, fundamentalmente, é uma exigência do capitalismo, em âmbito mundial, que existam países centrais e países periféricos. O conjunto formado pelos países centrais exerce a liderança política, o domínio econômico e espraia a sua cultura dominante. E os países periféricos se adaptam às necessidades dos países centrais: fornecem matérias-primas, que vão desde o abastecimento de alimentos até os combustíveis fósseis; oferecem a segurança de um extenso mercado consumidor, que vai seletivamente sendo apropriado; lutam para que tenham em seus territórios filiais de grandes fábricas instaladas, quando estas, na verdade, encontrarão mão de obra abundante e taxas de impostos reduzidos…”
Fundamentos Geográficos do Turismo. v3/Gilmar Mascaranhas, Daniella Pereira de Souza Silva, Luiz Guilherme de Souza Xavier – RJ: CECIERJ.
Questões – Ensino Médio – Noite
- Segundo a teoria, qual seria o papel dos seguintes países na lógica do sistema capitalista?
- EUA
- Angola
2. O que buscam as transnacionais nos países periféricos?
3. O “desigual e combinado” se reproduz em várias escalas e dimensões. Exemplifique usando a espacialidade do território brasileiro.
4. “O desenvolvimento desigual é a expressão geográfica das contradições do capital”. É possível romper essas contradições? Aponte caminhos.
5. O domínio econômico precisa da domínio cultural para se impor? Justifique.
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