Orfandade dos objetos.
Era um armário e somente ela e mais ninguém tinha acesso. Ficava horas com cada um dos objetos que ela retirava e cuidadosamente os colocava no lugar. Todos respeitavam esse momento e esse espaço.
Um dia ela nos deixou e resolvemos arrumar seu quarto até que chegamos ao seu santuário. Abrimos a porta e retiramos cada uma das coisas que estavam ali. Eram fotos, pentes, lenços, agulhas de crochê, enfim era uma infinidade de coisas que não significavam nada para cada um de nós.
Algumas foram poupadas e continuaram ali.
Quanto as demais?
Sem uma doce lembrança que legitimasse seu espaço no armário, o porquê de ser guardado, voltaram a ser objetos e foram para o lixo.
Luciano Mannarino é Professor de Geografia do Ensino Médio e está ficando louco com o isolamento!