EM13CHS102
Identificar, analisar e discutir as circunstâncias históricas, geográficas, políticas, econômicas, sociais, ambientais e culturais de matrizes conceituais (etnocentrismo, racismo, evolução, modernidade, cooperativismo/desenvolvimento etc.), avaliando criticamente seu significado histórico e comparando-as a narrativas que contemplem outros agentes e discursos.
EM13CHS503
Identificar diversas formas de violência (física, simbólica, psicológica etc.), suas principais vítimas, suas causas sociais, psicológicas e afetivas, seus significados e usos políticos, sociais e culturais, discutindo e avaliando mecanismos para combatê-las, com base em argumentos éticos
EM13CHS605
Analisar os princípios da declaração dos Direitos Humanos, recorrendo às noções de justiça, igualdade e fraternidade, identificar os progressos e entraves à concretização desses direitos nas diversas sociedades contemporâneas e promover ações concretas diante da desigualdade e das violações desses direitos em diferentes espaços de vivência, respeitando a identidade de cada grupo e de cada indivíduo.
0 evolucionismo é uma corrente do pensamento científico tão polêmica hoje quanto foi no passado. No século XIX, assim como no século atual, o paradigma religioso foi, e é, o grande adversário dos evolucionistas, acusados de ateísmo por explicarem a origem do mundo e da humanidade com base na ciência.
Porém, no século XX, questões sobre a teoria evolucionista envolveram política e ideologia. Desde o fim do século XIX, o evolucionismo inspirou filosofias empenhadas em hierarquizar a humanidade segundo critérios raciais, que colocam os brancos ocidentais no topo de uma civilização ideal e os nativos de outros continentes, como povos bárbaros e selvagens, próximos do “homem primitivo
Inspirou, ainda, políticas de perseguição e extermínio de populações. O grande alvo das ideias e políticas de inspiração evolucionista que podemos caracterizar como um darwinismo social – foi a mestiçagem, tanto racial como cultural, em que o conceito de raça prevalece sobre o de cultura.
A partir da segunda metade do século XX, sobretudo após a derrota do nazismo na Segunda Guerra Mundial, o evolucionismo foi posto em xeque exatamente por ter incentivado a desqualificação e a perseguição de povos considerados inferiores. Em 1948, ao se aprovarem “0 respeito universal e a observância dos direitos humanos e liberdades fundamentais para todos, sem distinção de raça, sexo, língua ou religião”, na Declaração Universal dos Direitos do Homem da ONU, também as Ciências Humanas de tipo evolucionista foram questionadas.
Um desdobramento dessa declaração ética, no campo das Ciências Humanas, foi a difusão da Antropologia cultural em suas várias versões, que concebe a humanidade considerando as diferenças (culturais) em vez das hierarquias (raciais).
Associar o evolucionismo exclusivamente à etnologia racialista ou ao darwinismo social é, porém, um equívoco. O evolucionismo, quando surgiu, desafiou frontalmente o paradigma religioso que predominava havia séculos no mundo ocidental. Estimulou reflexões interdisciplinares, pesquisas etnológicas de diversas culturas, registros de grande valor antropológico que, mais tarde, favoreceriam o conhecimento antropológico das diferenças culturais.

0 racialismo derivado do evolucionismo pode ser considerado um desvio de rota do potencial científico da obra de Darwin e de seus seguidores, provocado por razões históricas: o combate à democracia e o surgimento de ditaduras na Europa, além da competição entre as potências imperialistas pelo domínio de colônias na África e na Ásia.
Vainfas, Ronaldo – Humanidades.doc – tempo e espaço/Ronaldo Vainfas, Sheila de Castro Faria, Jorge Ferreira, 1 edição – São Paulo – Saraiva Educação – 2020.
Questões
1. O nazifascismo pode ser considerado “um desvio de rota do potencial científico da obra de Darwin“? Justifique.
2. Por que o paradigma religioso foi e é considerado o grande adversário do evolucionismo?
3. Qual é o papel da ONU no combate ao racialismo após a 2 Guerra Mundial?
Prof Luciano Mannarino