Consultei, sem o rigor científico, várias pessoas e algumas respostas do pessoal acima de 40 anos me chamaram atenção por serem bastantes semelhantes e isso me levou fazer uma interessante reflexão. Quem nasceu nas décadas de 1960/1970 e não teve algum parente ou conhecido mais politizado e nunca viajou para outros países, acabou percebendo o mundo de maneria bem particular, isto é, a maior parte do povo brasileiro.
Por quê?
Porque tudo era censurado: televisão, jornais, ensino, artes, etc. Não tínhamos referencial. A opressão foi tão eficiente que achávamos ser natural ter um general presidente sem ser escolhido pelo voto direto. A coisa era tão consolidada que pensávamos que o mundo todo vivia dessa forma.
E era dentro dessa realidade que tínhamos que buscar nossa realização pessoal, nossa felicidade. Sim, fomos induzidos a sermos felizes com tão pouco como por exemplo: esticar uma cadeira de praia na calçada, numa noite de verão, para conversar com os amigos até altas horas da madrugada enquanto cumprimentava todos que passavam. Penso que essa “felicidade” que Bolsonaro parece garantir, devolver e resgatar acaba drenando votos dessa parcela do eleitorado.
Sou desse tempo e sei que o voto dessas pessoas esconde um saudosismo, uma melancolia de terem vividos “bons tempos”, MAS ACREDITO QUE BOLSONARO E NINGUÉM PODE TRAZER ESSES TEMPOS DE VOLTA USANDO OS MESMOS MECANISMOS, POIS A FELICIDADE OBTIDA A PARTIR DA OPRESSÃO NÃO É LEGÍTIMA.
O interessante é que isso é uma prova de que a liberdade, democracia, direitos coletivos são conceitos relativos e facilmente moldados…e a felicidade também…
Prof. Luciano Mannarino.