As fortes bases históricas que são usadas para caracterizar uma nação não existiam até o início do Século XIX.
A nação foi um projeto político de fundamental importância para a existência do Estado moderno europeu. Ela se transformou num gigantesco trabalho pedagógico, pois era necessário criar vínculos entre pessoas diferentes: gente do campo, gente da cidade, católicos, protestantes, burgueses, trabalhadores, nobres, etc.
O que é interessante é que, no processo de construção das “comunidades imaginadas”, percebemos os mesmos elementos que foram reproduzidos em quase todos os países. Tratasse de um …”modelo comum de produção de diferenças”…
O que toda nação teria que ter para existir?
Podemos até fazer um Check-list identitário.
Fundadores ancestrais – História comum – Valores nacionais – Língua comum – Paisagem típica – Monumentos históricos – Folclore – Animal símbolo – Gastronomia – Trajes – Heróis
Na construção de todos os elementos do Check-list houve um processo de “escolhas” que acabavam por revelar uma dimensão ideológica, pois a criação dos mitos fundadores atendiam aos interesses dos seus idealizadores. Somente na Alemanha, da era pré-nacional, existiam vários “idiomas”: a língua religiosa (alemão para o Estados protestantes), a língua do ensino secundário (latim), a língua do tribunal (francês) que conviviam com vários dialetos falados pela massa da população!!!
É claro que, ...as identidades existentes da era pré-nacional não foram verdadeiramente… abolidas…em cada país europeu e, hoje, na medida em que o Estado não atende as demandas de todos os “nacionais”, elas passam a constituir focos de “resistências” que evocam diferenças históricas suprimidas no passado. O curioso é que recorrem aos mesmos elementos do “check-list” para provar suas particularidades e defender sua autonomia seja na Catalunha, no País Basco, na Córsega, na Padânia, etc.

Referência. Geografia e Ideologias: submeter e qualificar
Prof. LUCIANO MANNARINO.
Esse texto inaugura uma nova categoria de post. São reflexões que faço sobre obras adquiridas. (A reflexão foi elaborada a partir de um dos textos do livro comprado na Bienal do Livro – Rio de janeiro/2017)