Novela do Brexit está longe de terminar, mas parte mais interessante começa agora

Sexta economia do mundo passará a ter voz própria em temas comerciais

Ao ler as manchetes da semana, talvez você tenha respirado aliviado com a notícia de que o brexit foi consumado e que o Reino Unido finalmente saiu da União Europeia na virada do 31 de janeiro. Pensou que a novela havia terminado? Longe disso.

Mas a parte mais interessante começa agora. A sexta economia do mundo passará a ter voz própria em temas comerciais, com implicações significativas para a configuração da governança do comércio internacional. Independentemente da opinião que se tenha sobre o brexit, seria difícil negar que suas consequências são importantes.

Definir os novos termos do relacionamento entre o Reino Unido e União Europeia é a prioridade para ambos. Hoje, um entendimento transitório mantém basicamente tudo como está até o fim do ano. E define 31 de dezembro como data limite para um acordo definitivo.

A parceria entre os dois lados da Mancha deve incluir, por exemplo, cooperação em política externa, defesa e segurança e, naturalmente, em temas econômico-comerciais. Nessa área, questões regulatórias causarão controvérsia e marcarão as conversas. Os europeus insistirão na ideia de competição justa, antecipando que os britânicos venham a adotar um ambiente de pouca regulação e impostos baixos, modelo apelidado de Cingapura do Tâmisa.

Em paralelo às negociações com os europeus, o Reino Unido tenta estabelecer sua própria rede de acordos comerciais mundo afora. Pretende, em três anos, concluir entendimentos que cubram 80% do seu comércio exterior. Já realizou consultas públicas para ouvir os interessados a respeito de um acordo abrangente com os EUA. Manifestou, entre outros, interesse em se juntar à Parceria Transpacífica Abrangente, que inclui 11 países sobretudo na Ásia.

A atuação solo do Reino Unido altera o panorama das negociações comerciais. A necessidade de o país contar com seus próprios acordos faz todos os demais repensarem suas estratégias e prioridades negociadoras. Isso vale para o Brasil e o Mercosul também.

O fato de o Reino Unido agora estar, digamos, no mercado, afeta também a própria atuação externa da União Europeia. O bloco tem ampla rede de acordos comerciais, mas não tem um com os EUA, que já estão dialogando com Londres. EUA e Reino Unido podem, em conjunto, vir a definir determinados padrões em detrimento de interesses europeus.

Finalmente, o Reino Unido passa a ter voz própria na Organização Mundial do Comércio e promete ser um defensor vocal do livre-comércio e do multilateralismo. Pode vir a ser uma força importante a favor de reformas de que a Organização necessita. O país, como nenhum outro, precisará de uma OMC forte. Se não conseguir fechar um acordo com a União Europeia, dependerá das regras da OMC para dar previsibilidade ao seu comércio com o bloco.

Está aberta a temporada dos jogos em vários planos, de negociações comerciais que ocorrem em paralelo e que se comunicam. Longe de ser um assunto entre União Europeia e Reino Unido, os desdobramentos do Brexit afetam o mundo todo. A parte mais importante da saga começa agora, em que os demais jogadores entram em campo.

Tatiana Prazeres
Senior fellow na Universidade de Negócios Internacionais e Economia, em Pequim, foi secretária de comércio exterior e conselheira sênior do diretor-geral da OMC.

Questões (responder em grupo na sala de aula)

Ensino Médio (3 ano)

1) O que significa a expressão “brexit”?

2) Explique o contexto  histórico da criação da União Européia.

3) Qual o papel da O.M.C no comércio global e por que  …”Finalmente, o Reino Unido passa a ter voz própria”…nessa Instituição?

4) Por que os europeus temem que Londres se torne uma  “Cingapura do Tâmisa”?

5) Aponte pontos negativos para economia do Reino Unido no desligamento da União Européia.

DESIGUALDADE GLOBAL (ÁFRICA DO SUL)

Prof Luciano Mannarino

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