Não parecia um homem do campo, mas era determinado e metódico. Todas as manhãs cuidava de uma pequena horta como se fosse a unica coisa que realmente importava e foi esse desprendimento que me levou ir além da minha janela do quaro da pousada que estava há vário dias.
Queria conhecê-lo. Na manhã seguinte o aguardei.
– Bom dia?
– Bom dia jovem!
– Obrigado pelo Jovem.
– Não há de quê filho.
– Amigo, venho acompanhando o Sr ao longo da semana e sinceramente gostaria de lhe dar os parabéns pelo belo serviço que o vem fazendo aqui. Estou impressionado!
– Obrigado filho.
– Me diz uma coisa? Como é trabalhar numa pousada como essa?
– Não trabalho aqui. Eu sou hospede.
– Hospede?
– Sim, estou aposentado. Escolhi esse lugar para viver. Gosto daqui.
– Realmente é um lugar lindo.
– Sim, é tranquilo e sempre tem algo para fazer para essas doces plantinhas.
– Penso que o Sr tem a chave de uma vida feliz. Não queira saber como estão as coisas no país, no mundo. São muitas preocupações.
– Aqui também tenho muitas preocupações.
– Sério?
– Sim, está vendo aquele pé de tomate ali em frente.
– Sim
– Pois é. O terceiro galho mais embaixo tem um tomate que não amadureceu como os demais. Isso está me incomodando.
– Quem me dera ter esse tipo de preocupação!
Silêncio.
– Essa é a chave!
Luciano Mannarino